Finalmente, lá fui para o internamento para uma enfermaria
de 3 camas onde as outras 2 já estavam ocupadas. Dormi mal essa noite. Uma das
senhoras que estava lá no quarto ressonava imenso e foi complicado para mim
dormir. No dia seguinte de manhã, pecebi que essa senhora (que falava pelos cotovelos)
ía ter o bébé nesse dia. Fiquei eu e outra mamã que estava com 35 semanas e com
pré-eclampsia. Ela era muito bem disposta e os dias em que estivemos as duas
foram óptimos pois faziamos uma boa dupla, optimista e com boa disposição.
Na 2ª feira fui novamente examinada com direito a ecografia.
Estava com bastante mais líquido amniótico do que no dia em que dei entrada na
urgência e continuava a não haver sinais de descolamento. Então, iniciámos o “desmame”
dos comprimidos que travavam as contracções para ver como é que eu reagia.
Detestei a médica que me seguiu no internamento. Petulante e
desumana. Insistiu comigo para que fizesse a manobra de versão apesar de ambos
os meus médicos (o particular e o do S. João)
a terem desaconselhado.
Quanto às enfermeiras, foram todas 5 estrelas. Humanas,
profissionais e dedicadas. Algumas entre dentes, outras abertamente, todas me
disseram para não me deixar levar pela médica e não fazer a versão do bébé pois
corria riscos de desancadear o parto que era precisamente o que tentávamos
evitar.
Até 3ª feira estive bem. Pensei que teria alta na 3ª mas não
tive. Nesse dia fiquei sozinha não só na enfermaria como em todo o serviço de
internamento de obstetrícia. Enquanto estive sozinha, estive bem mas na noite
de 3ª para 4ª feira chegou uma grávida (que ía ser mãe pela 4ª vez) com
problemas conjugais e uma história de vida estranhíssima que me complicou o
sistema. Além disso, de manhã, pensei que teria alta mas não tive. Este dia foi
particularmente díficil principalmente pela forma com a médica me tratou. Eu e
o AA já tinhamos decidido que se no dia seguinte não tivesse alta assinava
termo de responsabilidade e vinha-me embora. Felizmente, no dia seguinte tive a
tão desejada alta.
Durante todo o internamento só me podia levantar da cama
para ir ao WC e quando vim para casa as recomendações mantiveram-se.
A Mafalda foi ver-me por duas vezes ao hospital. Reagiu
lindamente, sem dramas e mesmo quando vim para casa preferia dormir na avó para
não estar a dar-me trabalho.
E assim, lá fomos andando até chegar às 37 semanas. O Miguel
continuava pequenino mas sempre no percentil 5 o que era sinal que ía
crescendo.
A partir das 37, os médicos reduziram-me o descanso. Como o
bébé já era de termo e já podia nascer, eu já estava liberada para caminhar,
conduzir e fazer pequenas coisas. Mas a verdade é que tanto tempo imobilizada
fizeram com que ficasse muito cansada e custava-me mexer.
Depois do internamento comecei a ter consultas semanais no
S. João e deixei de ir à endocrinologista privada. Durante o internamento
mudaram-me o esquema da insulina e no dia da alta se não tivesse sido eu a
bater o pé tinha-me vindo embora sem a receita para a nova insulina pois
limitavam-se a dizer-me o nome como se isso fosse bastante para eu poder
comprar, saber administrar, etc.
Como o Miguel continuava sentado
seria necessário programar a cesariana. O protocolo do S. João diz que tem que
ser entre as 39 e as 40 semanas. Eu completava as 39 no dia 30 de Setembro e a
marcação foi feita para o dia 3 de Outubro.
No dia 25 tive consulta no S. João
e foi aí que combinámos a data da cesariana. Ainda faria nova eco de controlo
no dia 1 de Outubro e cesariana no dia 3 de Outubro de manhã.
Na consulta, as tensões estavam bem,
a análise à urina também e o CTG também pelo que não havia sinais de
preocupação. Quando saí de lá chovia muito e
acabei por ter que comprar um guarda-chuva à porta do hospital. Grande negócio
pois toda a gente que saía comprava um. Eu estava a ficar com uma ligeira dor
de cabeça que associei ser por causa do tempo de espera e também por causa das
condições meteorológiscas.
A dor de cabeça continuou no dia
seguinte e no seguinte.
No dia 27 tive consulta com o meu
obstetra particular. O cenário alterou-se completamente nestes dois dias que
passaram desde que estive no S. João. A tensão estava alta, o que justificava a
dor de cabeça, e tinha proteínas na urina. Desta forma, o meu médico queria que
eu fosse à urgência do S. João no dia seguinte de manhã ter com uma colega dele
para avaliar a situação. Além do quadro de pré-eclampsia que se estava a
afigurar o líquido amniótico era praticamente inexistente o que era mais um
motivo de preocupação.
Não contámos a ninguém sobre esta
situação nem dissemos que íamos ao hospital.
A Mafalda foi normalmente para a
escola e nós seguimos para o S. João com as malas atrás pois este poderia ser o
dia em que íamos conhecer o Miguel.