04 setembro 2014

38s+5d

Este relato vai ser escrito com quase 2 anos de distância com muita pena minha pois seria muito mais interessante se o tivesse sido mais perto do acontecimento. Mas como não deu, mais vale tarde do que nunca.

Então, no dia 28 de Setembro lá fomos nós para o hospital de manhã conforme já tinha dito num post anterior.
Chegados ao hospital pedi para falar com a médica que o meu meu médico tinha indicado. Recordo-me que foi rápido até me chamarem para ser observada. A médica verificou que eu estava com pouco líquido que o ideal seria fazer a cesariana naquele mesmo dia mas que precisava falar com a equipa e que antes me íam fazer análises para perceber se estava ou não em pré-eclampsia.

Era dia de limpeza geral na urgência de obstetrícia. Andavam a fazer as chamadas “limpezas da páscoa” J
Começou a nossa espera. Por volta das 10h chegou uma senhora grávida acompanhada do marido e da mãe. A mãe, médica já reformada, mal chegou entrou pelo serviço dentro a dizer que era médica e que ía falar com a Chefe de Serviço. Dra. Fernanda Lisboa. Parecia que o Papa tinha chegado à cidade do Vaticano. Foram só simpatias e amabilidades para a Sra. e para a filha que entrou direta para a cesariana porque o bébé estava sentado.

E nós esperavamos. E eu em jejum.
Passou por aquela sala de espera um sem fim de gente. Mulheres em trabalho de parto, uma cigana muito grávida com uma filha de 2 ou 3 anos que teve que entrar com a mãe porque não tinha com quem ficar, senhoras mais velhas, etc., etc.

Passou a hora de almoço. E nós esperavamos. E eu em jejum.
Passaram as 14h. E nós esperavamos. E eu em jejum.
Passaram as 15h. E nós esperavamos. E eu em jejum.

Passaram as 16h. E nós esperavamos. E eu em jejum.
Já tinha perguntado algumas vezes se estava demorado, porque não me chamavam e a resposta era sempre a mesma: estão a aguardar resultado das análises.
Não aguentei mais. Expliquei à Sra. da recepção que estava acordada desde as 7h, que estava em jejum e que tinha diabetes gestacional pelo que não podia continuar nesta espera indefinida. Que precisava que me dessem uma justificação. A sra. da recepção, sempre simpática e atenciosa, foi lá dentro e transmitiu a mensagem. Vem de lá a enfermeira que me chama e se limita a dizer:

- Pode comer
- Pode comer? Como assim? Então não me vão fazer a cesariana hoje?
- A sra. tem diabetes, não pode estar tanto tempo sem comer, tem que comer
- Mas depois tenho que esperar 6h até poder fazer cesariana
- O que a médica me disse foi para a senhora comer

E começaram os minutos mais complicados de toda a gravidez. Nunca tinha sentido tanto receio pelo meu bébé. A médica tinha dito que tinha pouco líquido, estava em risco de pré-eclâmpsia e portanto eu sabia que era arriscado prolongar a gravidez.

Recusei-me a comer. Chorei desalmadamente. Implorei ao André que ligasse ao Prof. Pedro para que me fizesse o parto na Ordem da Lapa no dia seguinte. Tive tanto medo que o meu bébé nascesse com problemas... O André ao ver-me assim, ao ver o meu desespero e depois de eu refilar qb com ele foi à recepção. Mandou chamar a chefe de serviço e disseram-lhe que as coisas não funcionavam assim. Veio a tal enfermeira mas ele disse-lhe que de manhã tinha chegado uma senhora médica que entrou imediatamente, que a chefe de serviço veio prontamente receber e ele exigia ser tratado da mesma forma. Veio a chefe de serviço. Ele explicou a situação e... voilá! Mandaram-me entrar imediatamente. A chefe de serviço disse prontamente que me iriam fazer a cesariana o mais rapidamente possível e que ainda não me tinham chamado porque o bloco estava em limpeza geral (a tal da Páscoa).
Desde que entrei até dar por mim deitada com a bata sexy na sala de observações foi tudo tão rápido... Lembro-me que a própria Dra. Fernanda Lisboa andou a empurrar-me o soro para me colocar num gabinete mais confortável. Portanto, passei de ignorada a VIP.
Primeiro, como já disse, mandaram-me para a sala de observações depois de passarmos por um corredor com cacifos onde deixámos a nossa mala. No WC vesti a bata sexy e deram também uma roupa para o papá vestir quando fossemos para o bloco.
Depois de me deitar, vieram 2 médicas anestesista ter comigo informar-me que me íam dar uma raquianestesia  e explicar o procedimento. Eu perguntei se não podia ser antes epidural pois falei com o meu médico e ele recomendou epidural. A médica mais nova insistia para que fosse raqui, porque era mais rápido mas eu disse que não tinha pressa (afinal já tinha esperado tanto). Foi então que a médica mais velha interviu: “A sra. conhece a diferença; a sra. está informada e quer epidural e, portanto, é isso que lhe vamos dar”.
Antes de irmos para o bloco, ainda houve tempo de ligar à Mafalda para dizer que o mano ía nascer. Ela, que andava com os avós no Lidl, quase gritou a novidade a quem com ela se cruzava. Houve também tempo para eu começar a treme desalmadamente como é meu apanágio em situações de grande nervosismo.
Chegada ao bloco, mandaram-me sentar na cama de lado com um banco com rodinhas debaixo dos pés, curvada para a frente para me darem a epidural. A ordem era para me manter o mais imóvel possível mas qual quê... eu tremia incontrolavelmente. Mas com esforço de ambas as partes, lá conseguiram dar-me a epidural. Até ficar totalmente anestesiada devem ter passado uns 15 a 20min. Durante esse tempo, prepararam-me e o papá veio para junto de mim.
O procedimento começou e não faço ideia de quanto tempo passou até o Miguel nascer. A primeira coisa que a médica disse mal o vislumbrou foi que era loirinho; depois, ele começou a chorar ainda não estava totalmente cá fora (igual à mana). Mal ele nasceu, mostraram-mo mas eu só lhe vi as partes íntimas J
Levaram-o para um sala ao lado da nosssa e o papá ficou ainda um longo tempo comigo.
Depois, chamaram o pai para ir para junto do bébé (já ele estava vestido e arranjado) e acabaram de me cozer.
Quando saí do bloco para o recobro, tive uma visão maravilhosa: o meu amor pequenino ao colo do meu amor grande. Ambos com a tranquilidade estampada no rosto J.

Chegados ao recobro, a enfermeira veio colocar o Miguel na mama. E qual não foi o meu espanto, quando aquele minorquinha de pouco mais de 2,5kg se agarrou à mama como se não houvesse amanhã e assim esteve uns 45min. Até a enfermeira se surpreendeu com tamanha eficácia.

Ficámos no recobro, os 3 durantes umas 2h e pouco depois das 22h subimos para o puerpério. O papá foi para casa mostrar as fotos do bebé mais lindo do mundo à irmã mais babada do mundo.

Facebook


O facebook tornou-se rapidamente o maior inimigo deste blog.
O tempo é cada vez mais escasso e o que há a dizer mais facilmente se diz no facebook do que aqui pois é mais rápido, é mais direto e chega mais rapidamente aos destinatários se for esse o caso.
Mas, o registo parece-me mais efémero pelo que acho que vou tentar transcrever para aqui algumas das coisas do facebook.
Isto é o que me proponho fazer. Vamos ver se consigo.

Rastreio Bioquímico e Ecografia Morfológica

Não há dúvida que a medicina está hoje bastante avançada no que ao acompanhamento da gravidez diz respeito.
O método que o meu médico segue para efectuar o rastreio das mal-formações mais comuns é o rastreio bioquímico integrado que como já aqui disse conjuga dados ecográficos com dados bioquímicos.
Recebidos os resultados, a probabilidade do bébé ter trissomia 21 é inferior a 1 para 1 milhão, ou seja, é o valor mais baixo que se pode obter neste exame. Um outro despiste que eles fazem é relativo às doenças do tubo neural (DTN) mas esse assenta apenas na medição de uma proteínas no sangue materno que pode estar alterada por DTN ou outros factores. O valor que obtivemos aqui foi de 1:250 o que me deixou um pouco preocupada.
Contudo, o meu médico explicou que se houvesse algum problema seria perfeitamente vísivel na eco morfológica às 22 semanas. Então, no dia 4 de Junho lá fomos nós fazer a eco com a preocupação de sabermos se estava tudo bem ou se havia algum DTN.
Mal a médica começou fiz questão de lhe explicar as nossas preocupações e ela teve o cuidado de ver tudo à lupa. Tal como o meu médico nos tinha dito à partida, estava tudo bem. A coluna estava bem formada, o cerebelo também e todos os outros orgãos estavam como deviam.
Fiquei impressionada com a nitidez do coração. Vê-se tudo :)
Confirmou-se mais uma vez tratar-se de um menino e correu tudo muito bm.