08 novembro 2012

Crónicas de uma gravidez (Das 34s+5d às 38s+4d)


Finalmente, lá fui para o internamento para uma enfermaria de 3 camas onde as outras 2 já estavam ocupadas. Dormi mal essa noite. Uma das senhoras que estava lá no quarto ressonava imenso e foi complicado para mim dormir. No dia seguinte de manhã, pecebi que essa senhora (que falava pelos cotovelos) ía ter o bébé nesse dia. Fiquei eu e outra mamã que estava com 35 semanas e com pré-eclampsia. Ela era muito bem disposta e os dias em que estivemos as duas foram óptimos pois faziamos uma boa dupla, optimista e com boa disposição.
Na 2ª feira fui novamente examinada com direito a ecografia. Estava com bastante mais líquido amniótico do que no dia em que dei entrada na urgência e continuava a não haver sinais de descolamento. Então, iniciámos o “desmame” dos comprimidos que travavam as contracções para ver como é que eu reagia.

Detestei a médica que me seguiu no internamento. Petulante e desumana. Insistiu comigo para que fizesse a manobra de versão apesar de ambos os meus médicos (o particular e o do S. João)  a terem desaconselhado.
Quanto às enfermeiras, foram todas 5 estrelas. Humanas, profissionais e dedicadas. Algumas entre dentes, outras abertamente, todas me disseram para não me deixar levar pela médica e não fazer a versão do bébé pois corria riscos de desancadear o parto que era precisamente o que tentávamos evitar.

Até 3ª feira estive bem. Pensei que teria alta na 3ª mas não tive. Nesse dia fiquei sozinha não só na enfermaria como em todo o serviço de internamento de obstetrícia. Enquanto estive sozinha, estive bem mas na noite de 3ª para 4ª feira chegou uma grávida (que ía ser mãe pela 4ª vez) com problemas conjugais e uma história de vida estranhíssima que me complicou o sistema. Além disso, de manhã, pensei que teria alta mas não tive. Este dia foi particularmente díficil principalmente pela forma com a médica me tratou. Eu e o AA já tinhamos decidido que se no dia seguinte não tivesse alta assinava termo de responsabilidade e vinha-me embora. Felizmente, no dia seguinte tive a tão desejada alta.
Durante todo o internamento só me podia levantar da cama para ir ao WC e quando vim para casa as recomendações mantiveram-se.

A Mafalda foi ver-me por duas vezes ao hospital. Reagiu lindamente, sem dramas e mesmo quando vim para casa preferia dormir na avó para não estar a dar-me trabalho.
E assim, lá fomos andando até chegar às 37 semanas. O Miguel continuava pequenino mas sempre no percentil 5 o que era sinal que ía crescendo.

A partir das 37, os médicos reduziram-me o descanso. Como o bébé já era de termo e já podia nascer, eu já estava liberada para caminhar, conduzir e fazer pequenas coisas. Mas a verdade é que tanto tempo imobilizada fizeram com que ficasse muito cansada e custava-me mexer.
Depois do internamento comecei a ter consultas semanais no S. João e deixei de ir à endocrinologista privada. Durante o internamento mudaram-me o esquema da insulina e no dia da alta se não tivesse sido eu a bater o pé tinha-me vindo embora sem a receita para a nova insulina pois limitavam-se a dizer-me o nome como se isso fosse bastante para eu poder comprar, saber administrar, etc.

Como o Miguel continuava sentado seria necessário programar a cesariana. O protocolo do S. João diz que tem que ser entre as 39 e as 40 semanas. Eu completava as 39 no dia 30 de Setembro e a marcação foi feita para o dia 3 de Outubro.
No dia 25 tive consulta no S. João e foi aí que combinámos a data da cesariana. Ainda faria nova eco de controlo no dia 1 de Outubro e cesariana no dia 3 de Outubro de manhã.
Na consulta, as tensões estavam bem, a análise à urina também e o CTG também pelo que não havia sinais de preocupação. Quando saí de lá chovia muito e acabei por ter que comprar um guarda-chuva à porta do hospital. Grande negócio pois toda a gente que saía comprava um. Eu estava a ficar com uma ligeira dor de cabeça que associei ser por causa do tempo de espera e também por causa das condições meteorológiscas.
A dor de cabeça continuou no dia seguinte e no seguinte.
No dia 27 tive consulta com o meu obstetra particular. O cenário alterou-se completamente nestes dois dias que passaram desde que estive no S. João. A tensão estava alta, o que justificava a dor de cabeça, e tinha proteínas na urina. Desta forma, o meu médico queria que eu fosse à urgência do S. João no dia seguinte de manhã ter com uma colega dele para avaliar a situação. Além do quadro de pré-eclampsia que se estava a afigurar o líquido amniótico era praticamente inexistente o que era mais um motivo de preocupação.
Não contámos a ninguém sobre esta situação nem dissemos que íamos ao hospital.

A Mafalda foi normalmente para a escola e nós seguimos para o S. João com as malas atrás pois este poderia ser o dia em que íamos conhecer o Miguel.

05 novembro 2012

Crónicas de uma gravidez (34 semanas e 5 dias - Ameaça de parto pré-termo)


No dia 31, fiquei em casa de manhã como habitual para poder descansar as2h combinadas. Tinha marcado na esteticista mas decidi não ir pois sentia-me muito cansada e achei mais prudente ficar a manhã toda em casa a descansar em vez de apenas duas horas. Tinha também dito ao AA no dia anteriro que me estava mesmo a sentir como grávida no fim de tempo e até a minha cara era de grávida na recta final. Claro que ele questionou logo a minha sanidade mental pois isso é coisa que não existe: cara de grávida no fim de tempo e, além disso, eu tinha apenas 34 semanas e uns dias pelo que ainda estavamos longe do fim do tempo.
Continuando no dia 31 de Agosto, lá fui eu trabalhar de tarde. Estive toda a tarde sentada na secretária e lembro-me que foi um dia tranquilo sem stress. Às 17h00 estava eu a caminho da saída e senti-me ligeiramente molhada. Não dei grande importância e continuei a caminhar até ao carro. Quando me sentei ao volante, achei a sensação demasiado estranha e percebi que estava com uma hemorragia.

Liguei imediatamente ao meuobstetra que me tranquilizou e disse que deveria ter sido um vaso sanguíneo que rebentou e que é algo relativamente normal sem consequências mas para me encaminhar para o S. João para ser avaliada. Liguei à minha chefe que ainda estava lá em cima na empresa e pedi-lhe para me levar ao hospital.
500m depois de entrarmos na estrada nacional vemos que vai há nossa frente um colega que mora mesmo junto ao S. João. Então, eu sugeri trocar de carro e ir com ele pois evitava que ela fizesse uma viagem até ao centro do Porto para depois regressar à Póvoa de Varzim. Assim, lá troquei de carro. Acontece que o meu colega tem um MX5 descapotável e foi assim que cheguei à urgência de obstetrícia do S. João. Cheia de estilo. Entretato, o AA também já lá estava à minha espera.

Mal cheguei ao guichet fui logo atendida e disse que estava com 34 semanas e 5 dias de gestação e tinha uma hemorragia. A recepcionista chamou imediatamente a enfermeira e entrei directa. A enfermeira mediu-me as tensões e encaminhou-me para o médico.
Mais uma vez, dentro do azar tive muita sorte pois o médico que estava de serviço era o que me tinha calhado na consulta do S. João. Lá lhe expliquei a situação e ele ficou apreensivo.  Examinou-me e não viu sinais de descolamento da placenta o que era bom sinal. Mandou-me para o CTG e disse que eu iria ficar 1h a ver se tinha contracções.

Ao fim de 20 minutos a enfermeira veio e disse que não tinha contracções e queo Dr. já vinha mandar-me embora. No meio de toda esta confusão fiquei muito nervosa pela primeira vez pois achei que a situação requeria uma mais cuidada avaliação do que uma eco, um CTG e “xau, vai embora”. Só que, o que a enfermeira diz não se escreve e quando me chamou novamente o médico explicou-me que apesar de eu estar sem contracções, não consegui determinar a origem da hemorragia e, portanto, estava com receio que eu entrasse em trabalho de parto. Por isso, eu ía tomar uns comprimidos de 15 em 15 minutos para parar o trabalho de parto caso ele se iniciasse e ía levar uma injecção para amadurecimento dos pulmões do bébé. Esta injecção só faria efeito se eu tomasse outra 24h depois.
E claro, teria que ficar internada pelo menos uns 3 dias. Mas as primeiras horas seriam passadas não no internamento mas na sala de observações da urgência onde ficaria permanentemente monitorizada.

Fiquei mais tranquila com este plano e estava na altura de vir buscar a mala que eu tinha feito questão de preparar no dia anterior (há coisa que não se explicam).
O AA veio a casa buscá-la mas antes passou na mãe para explicar à Mafalda o que se passava. Era dia de aniversário da bisavó e havia festa grande. Ela ouviu, perguntou se eu e o mano estavamos bem e continuou a brincar. Acho que a forma como se expõe as coisas é muito importante e ela reagiu muito bem.

Enquanto foi a casa o AA ainda telefonou para a Cytothera por causa do kit de recolha das céluas estaminais pois ainda não tinhamos tratado disso. Explicou a urgência e eles disseram que vinham entregar a casa o kit passados poucos minutos. Assim foi.
Enquanto isto, eu estava na sala de observações do hospital. Mal entrei para lá vieram dar-me um chá e um pão sem nada pois eram horas de jantar e eu não tinha comido. As enfermeiras e o médico explicaram que era normal ter alguma contracções mas que se estas aumentassem em frequência ou fossem dolorosas para avisar imediatamente.

A certa altura, as contracções começam a ficar pouco espaçadas mas sem dor. Avisei as enfermeiras que já sabiam pois estavam a ver lá dentro. Ao fim de algum tempo comecei a sentir dor e alguma pressão que eu já conhecia do parto da Mafalda. Liguei ao AA e disse-lhe para se apressar pois o Miguel iria nascer nesse dia. Avisei as enfermeiras que sentia dor e passado pouco tempo o médico veio avaliar e verificou que se estava a iniciar a dilatação.
Entretanto, o AA já tinha chegado.

Veio então a anestesista apresentar-se. Explicou-me que só como eu tinha comido só poderia levar epidural ao fim de 6h pelo que se o parto se desenvolve-se antes teria que ser com anestesis geral. Eu então disse-lhe que ía ser com anestesia geral pois tinha a certeza que não demoraria 6h pois parecia estar eminente.
Entretanto, o meu médico vem falar comigo e explica-me que se o bébé nascer terá que ir para a neonatologia pois ainda tem pouco tempo. Mas teve um gesto para me tranquilizar e mais uma vez tive a certeza que foi uma sorte ter sido ele a estar de serviço.

Depois desta intervenção, as contracções começaram a diminuir de frequência e intensidade. Ao fim de 1h estavam já bastante espaçadas e sem dor. Eram cerca de 1h da manhã e estava na hora de ser transferida para o internamento pois a ameaça de parto estava agora controlada. Não fiquei muito contente pois preferia ficar nas observações onde estava monitorizada continuamente e onde podia ter o AA comigo durante toda a noite. Mas tinha que ser.

Antes de subir para o internamento, uma enfermeira passou por mim a comer um pão e a beber um chá e perguntou-me se eu queria. Eu disse que queria mas que não podia pois o médico tinha dito para eu não comer mais nada. Então ela foi falar com o médico e disse que eu podia comer.

Mas era 1h da manhã e já não havia pão... Então, a enfermeira deu-me um pão dos dela e eu fiquei imensamente agradecida.

Crónicas de uma gravidez (das 32 às 34 semanas - restrição de crescimento)


No regresso de férias tivemos a ecografia do 3º trimestre e mais notícias menos boas. O bébé estava muito pequeno para o tempo de gestação (percentil 5). A médica que me fez a eco explicou que se tratava de um bébé pequeno mas que para já era só isso. Contudo, queria fazer nova eco de controlo dentro de 2 semanas para ver se ele entretanto tinha ou não crescido.
Estávamos nesta altura no final de Agosto. Como eu tinha ido ao centro de saúde a meio das férias e tinah DG, eles são obrigados a encaminhar o processo para o hospital de S. João.  Assim, no dia 21 de Agosto lá fui eu à primeira consulta que consistia numa endocrinologista e num obstetra em simultâneo. Como eles viram que eu era acompanhada particularmente, perguntara-me o que é que eu pretendia tendo indo lá. Eu expliquei que fui encaminhada pelo CS e que a ideia era fazer o parto lá. Então, o obstetra combinou comigo eu ir lá ou o meu obstetra particular ligar-lhe por volta das 38 semanas para marcarmos o parto pois as gravidezes com DG têm que, protocolarmente, terminar às 39 semanas. Eu expliquei que o bébé estava pélvico mas que eu tinha pena pois preferia um parto normal. Então ele sugeriu que às 37 semans eu fosse lá para tentarmos fazer uma manobra de versãodo bébé que consiste em tentá-lo virar através de movimentos feitos na barriga. Eu fiquei toda contente e estavamos acertados quanto a isso.

Como o meu médico particular estava de férias e eu tinha estava um pouco preocupada com os resultados da eco, aproveitei e mostrei-os ao médico do S. João. Então ele disse-me que o facto do bébé estar pequeno mudava tudo. Sendo assim, não era recomendável fazer a versão e sendo assim, não acreditava que eu fosse chegar às 39 semanas.
Gostei bastante do médico do S. João e fiquei contente pois mais uma vez estava com sorte com a equipa que me tinha calhado. Ainda por cima, ele dava-se bem com o meu médico particular o que facilitava as coisas.

Dias depois, tive consulta com o médico particular. Ficou surpreso com o resultado da eco do 3º trimestre e explicou-me mais ao pormenor as consequências que esta restrição de crescimento poderia ter. Segundo ele, o importante era acompanhar a situação semana a semana e verificar se os fluxos estavam bem. Isto é, se o bébé estava a receber o oxigénio e os nutrientes que precisava. Caso não estivesse, teriamos que fazer o parto independentemente do tempo de gestação.
Mandou-me fazer repouso absoluto durante 4h por dia. Duas de manhã e duas à tarde deitada na cama, de preferência, sobre o lado esquerdo.

Isto para mim foi um grande revés pois não me imaginava a ser forçada a parar tão cedo. Combinei com o médico fazer o tal repouso mas trabalhar a meio tempo. Consegui encontrar uma solução lá na empresa ficando em casa de manhã e trabalhando de tarde.
Além do repouso e das ecografias semanais o médico explicou-me também que dificilmente chegaria ao final do tempo pois nestes casos só se prolonga a gravidez enquanto for seguro para o bébé. Na opinião dele, entre as 37 e as 38 semanas o bébé deveria nascer.

Estavamos no dia 27 de Agosto. Eu, andava super stressada por esses dias pois ainda faltava aprontar muita coisa para o nascimento e como este se previa mais cedo eu achei que já estavamos a ficar sem tempo. Era preciso tratar do berço, da cama de grades e de fazer as malas para o hospital mas ainda me faltavam uma ou duas peças de roupa. No dia 30 achei que tinha mesmo que fazer a mala nem que fosse só com duas mudas de roupa para casa um de nós (para mim e para o bébé) não fosse ele nascer ainda mais cedo do que o agora previsto.

Crónicas de uma gravidez (das 24 às 32 semanas- DG)


Às 24 semanas fui fazer a custosa análise da glicose. Depois de beber aquela mixórdia achei que os resultados não íam ser muito bons pois senti-me bastante afectada pelo açucar (tonturas, dores de cabeça) que intuí não ser bom sinal. E não me enganei. Quando recebi os resultados, pesquisei na net e encontrei o documento com os critérios para diagnóstico da diagetes gestacional (DG) da direccção geral de saúde e percebi que tinha DG.
Enviei imediatamente um email ao meus obstetra que me indicou que marcasse consulta com a endocrinologistada clínica.
Começava aqui a saga dos probleminhas que me afectaram nesta gravidez.

A consulta com a endocrinologista correu bem. Explicou que teria que medir os níveis de glicemia 4 vezes ao dia, quais eram os limites e qual o plano alimentar a seguir.
Na mesma altura tive consulta com o meu obstetra e verificámos que o Miguel já estava cefálico. Fiquei toda contente pois queria parto normal como da Mafalda e as coisas estavam a caminhar no bom sentido. Ainda perguntei ao médico se ele manteria a posição até ao final ou se poderia mudar mas o médico disse-me que era pouco provável que depois de encaixar volta-se a sentar-se. Excelente, pensei eu! Em relação ao peso do bébé (um dos problemas da DG é os bébés nascerem com muito peso) tudo parecia estar bem em todas as ecografias realizadas até à data pois o peso estava perfeitamente normal.

O plano alimentar da DG não foi díficil de cumprir. O meu principal problema era ter que comer legumes à refeição mas a médica tranquilizou-me e disse que se não conseguia comer saladas ou legumes bastava aumentar a dose de sopa, o que para mim não era problema.
Medi os níveis durante quase 3 semanas e depois fui novamente a consulta para avaliar. Os níveis estavam bem, no geral. Apenas após o pequeno-almoço havia 2 ou 3 valores acima do limite mas pouco. Contudo, a médica achou que seria melhor introduzir insulina para ter a certeza que mesmo esses ficavam dentro dos limites. Também as medições passaram de 4 para 6.

No mesmo dia tive consulta com o meu obstetra e surpresa das surpresas,o Miguel tinha-se sentado. Eu bem que tinha sentido qualquer coisa uma noite mas preferi não acreditar que era ele a dar a volta novamente... Se ele se mantivesse assim, teriamos que fazer cesariana.
Perante esta hipótese e tendo em conta que eu não me sentia nada à vontade com uma cesariana, ponderei seriamente em ir para a Ordem da Lapa em vez do S. João pois assim seria o meu médico a fazê-la mas com os acontecimentos  que se desenvolveram mais à frente coloquei totalmente de parte esta hipótese.

Tudo isto coincidiu com o nosso período de férias. Passámos 5 dias na praia e depois fomos para Trás-os-Montes. Consegui, com sacrífico, cumprir a dieta mas senti que abusei um pouco dos esforços por essa altura pois acabámos por andar sempre de um lado para o outro.
Durante as férias, fui enviando os resultados dos níveis de glicemia à endocrinologista  e introduzimos mais uma toma de insulina antes do jantar. Portanto, 6 picadas nos dedos por dia e 2 na barriga. Haja fartura!

Eu não sou de fazer grandes dramas com pequenas coisas mas estava um bocadinho “chateada” com a história da DG. Por um lado, implicava eu estar sempre enfiada na cozinha a fazer sopa e refeições dentro das especificações. Por outro lado, impossibilitava idas ao restaurante, as férias não foram conforme planeado pois ir para hotel era impossível e até mesmo a ida a casa de amigos era feita com a marmita atrás. Além disso, havia a obrigatoriedade de não esquecer as picadas o que se tornava uma verdadeira seca. Contudo, isto ía-se revelar um problema menor  mas claro, eu não sabia o que me esperava.

Crónicas de uma gravidez (das 16 às 23 semanas)


A última vez que aqui escrevi estava com 16 semanas de gravidez. Tudo corria pelo melhor e eu estava longe de imaginar nas voltas que esta gravidez ainda havia de dar.
Pouco depois do último post recebemos o resultado do rastreio integrado. A probabilidade do nosso bébé ter trissomia 21 era inferior a 1 para 1 milhão. Melhor resultado era impossível e seguimos em frente esta jornada com a certeza que tudo corria pelo melhor.
O resultado do rastreio dos defeitos do tubo neural é que me deixou um pouco preocupada. O valor era de 1:200 mas o meu médico tranquilizou-me e disse que se houvesse algum problema seria perfeitamente vísivel nas ecografias pelo que achava que estava tudo bem mas que na eco das 20 semanas teriamos a certeza.
Comecei a sentir o Miguel muito cedo. Eu diria que a partir das 11 semanas comecei a sentir borbuletas mas foi por volta das 16 que ele se começou a fazer sentir com mais vigor. Contudo, nunca foi muito violento nos movimentos. Mexia-se muito mas sem ser frenético. Notei alguma diferença em relação à Mafalda que parecia estar sempre aos saltos na minha barriga. O Miguel parecia ter movimentos mais tranquilos.
Entretanto, chegámos a meio do caminho comigo a sentir-me bastante pesada e cansada apesar de não ter engordado muito (4 ou 5kg por esta altura).
Às 22 semanas fiz a ecografia morfológica que mostrou estar tudo bem com todos os órgãos do nosso bébé. Como referi à médica os meus receios em relação aos defeitos do tubo neural, ela foi ainda mais minuciosa o que nos deu a certeza de estar tudo bem.
O único ponto negativo da ecografia foi terem sido detectadas incisuras bilaterias nas artérias uterinas o que poderia significar que iria sofrer de hipertensão lá mais para o final da gravidez e o que poderia ter impacto no crescimento do bébé que poderia tornar-se mais lento.
Como já na gravidez da Mafalda tive tensão alta nos últimos 15 dias e ela começou a crescer pouco no último mês, não fiquei muito preocupada pois achei que iriamos passar por um cenário semelhante que não seria motivo de grande preocupação.
Na consulta seguinte, o meu médico confirmou que era pouco provável ter maiores complicações com a tensão do que tive na gravidez anteiror.